O observatório espacial Herschel mostrou que a água expelida pela lua Encelado forma um enorme anel de vapor de água à volta de Saturno. Esta descoberta vem resolver um mistério com 14 anos, ao identificar a fonte de água na alta atmosfera de Saturno.
Estes resultados significam que Encelado é, até agora, a única lua do Sistema Solar a influenciar a composição química do seu planeta. A cada segundo, Encelado expele 250 kg de vapor de água, em jactos a partir da região polar sul. Esta região é conhecida como "listas de tigre" à conta das marcas que ficam à superfície. Estas cruciais observações revelam que a água cria um toro de vapor à volta do planeta dos anéis.
A largura total do toro é dez vezes superior ao raio de Saturno, no entanto a sua espessura é apenas de um raio de Saturno. Encelado gira à volta do planeta a uma distância de cerca de quatro raios, alimentando o toro com jactos de água.
Pelo menos quatro plumas distintas expelem água gelada a partir da região polar da lua de Saturno, Encelado. A imagem foi obtida no visível pela sonda Cassini a 25 de Dezembro de 2009.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute
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Apesar das suas dimensões, tem escapado à detecção porque o vapor de água é transparente à luz visível mas não aos infravermelhos, a gama onde o Herschel foi desenhado para ver.
Sabia-se que nas camadas mais profundas da atmosfera de Saturno existem vestígios de água no estado gasoso. Mas a presença de água nas suas camadas superiores da atmosfera tem permanecido um enigma.
Detectada pela primeira vez em 1997 pelo Observatório Espacial Infravermelho da ESA, a fonte desta água permaneceu uma incógnita até agora. Modelos computacionais das últimas observações do Herschel mostram que cerca de 3 a 5 % da água expelida pela Enceladus acabam por cair em Saturno.
"Não há qualquer fenómeno semelhante a este na Terra," diz Paul Hartogh, do Max-Planck-Institut für Sonnensystemforschung, Katlenburg-Lindau, na Alemanha, que coordenou a análise dos resultados.
"Na nossa atmosfera não entram quantidades significativas de vapor, vindo do espaço. Isto é um fenómeno exclusivo de Saturno."
Apesar de a maior parte da água de Encelado se perder no espaço, congelando-se nos anéis ou até caindo noutras luas de Saturno, a pequena fracção que cai no planeta é suficiente para explicar a existência de água na alta atmosfera do planeta.
Esta água também é responsável pela existência de compostos oxidados, como o dióxido de carbono.
A água nas camadas superiores da atmosfera de Saturno é transportada para níveis mais baixos, onde condensa. Mas a quantidade é tão baixa que as nuvens resultantes não são observáveis.
"O Herschel mostrou mais uma vez a sua importância. Estas são observações que só o Herschel pode fazer," diz Göran Pilbratt, cientista do projecto da ESA para o Herschel.
"O Observatório Espacial Infravermelho encontrou vapor de água na atmosfera de Saturno. Depois a missão da NASA/ESA Cassini/Huygens detectou os jactos de Enceladus. Agora o Herschel mostrou como se encaixam todas estas observações."
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